Tenho amigas que são mães. Tenho mães que são amigas.
Conheço mães anuladas, afundadas no ofício e esquecidas das mulherzices, da feminilidade e da sexualidade.
Não concordo. Não concordo que você tenha de ser mãe e
esquecer de ser, de sentir, fechar o mundo, a redoma em torno de uma
criança, ainda que seja seu filho.
A palavra de ordem, suponho, teria de ser conciliar. Acho que a nossa multiplicidade nos permite.
Ser mãe, mulher, flor, espinho e tantas outras que carregamos.
Antes que me crucifiquem, danifiquem, julguem, esclareço: eu
desejo ser mãe. Tenho tentado. Imaginado. Venho tecendo cenas.
Mas não quero deixar de ser. De sentir, de existir na essência.
Uma parte de nós deve ser mãe. A outra, não pode deixar de
ser mulher.
*Imagem: Pinterest