Porque eu te quero, sou nuvem.
Chuva fina que não cessa, roupa colada no corpo, olhos acesos de uma chama além
do fogo possível. Sou eu e sou outras. A que toca, eterniza, toca a tarde
inteira num disco 92, sem cansar.
Porque eu te quero, todos os poemas
são possíveis e todas as casas do quarteirão são minhas. Todas as vistas, todas
as janelas e todas as cortinas atendem ao nosso momento, como num espetáculo de
estrelas dançantes, pulsantes, reais.
Porque eu te quero, toda a minha
espera é bem vinda, é combustível, sede, mão que aperta a cintura e não deixa
partir, paparazzi, saídas cercadas, cômodo de eternidades, permanência, loucura
e desejo.
Porque eu te quero, Paris é na
esquina, sorrisos são convites e lençóis, redes as quais me entrego. Porque eu te quero, poderes
inimagináveis, galáxias, mundos, anéis de saturnos triplicados nos meus
diários, cartas, rascunhos.
Porque eu te quero, sou
madrugada. Observo enquanto dormes,
eternizo enquanto respiras, sou feito pólvora, antídoto, veneno, serpenteio
vontades, acordo saudade, trapezista de tuas músicas.
Porque eu te quero, deixei de ser
ímpar. Não perco memórias, histórias, guardiã da tua presença, eu sou. Duas.
Lua e sol. Mar de estrangeirismos.
Porque eu te quero, deixei de
coagular. Cara limpa, olhos fartos de querer. Deixei de economizar pele e
gemido.
*Imagem: weheartit
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