Respeite o que o outro viveu antes de você. Aquela relação intensa, aquele pé na bunda, aquele amor furado, aquela paixão de colégio, aquele casinho da padaria, aquelas. Naquelas condições.
Respeite. Foi antes de você.
Esse texto também é pra mim.
Respeite.
Ele não teria te olhado pra você, como Jack* olhou para
Rose*, não fossem as pontes. Ele não teria. Ele não teria saído de casa numa
quarta-feira tranquila e te arriscado um
sorriso, ele não teria te convidado para um sorvete, sequer para um café. Ele não teria se esforçado para fazer as suas
rosquinhas preferidas, com leite condensado, ele não teria escolhido “Sete
Vidas” no cinema em pleno domingo, ele não teria insistido naquela música. Ele
não teria te presenteado com os seus livros preferidos, ele não teria te dado o
celular da moda, ele não teria mudado de operadora, ele não teria te levado no
Arpoardor num dia de clima ameno. Ele não teria feito você se apaixonar por
brócolis e por frango teriyaki. Ele não teria te levado ao altar. Ele não teria
concordado em comprar aquela persiana cinza para a sala recém inaugurada.
Ele não teria te levado para conhecer o Outback, novo de Rio
de Janeiro. E você jamais conheceria em quase “primeira mão”, aquelas famosas
batatas fritas.Respeite o que o outro viveu antes de você: águas passadas,
decepção curada, formador de caráter, ponte, digo ponte, mais uma vez.Há pontes que não levam a lugar nenhum, outras levam a um
coração aberto, curado de outras dores, disposto, sem interferências e
eminências de inconstâncias ou trilhos tortos.
Respeite o que o outro viveu antes de você. O lugar que te cabe está acima. Ache sagrado
todo esse ciclo, por que a verdade é que não há relação sem propósito, sejam as
de um dia, um ano, uma noite, um mês, as que passaram e as que ficam.
Se você entende de propósitos saberá: ele só é seu, porque
já foi de alguém antes.
É essa assunção de Identidade que tanto me acirra e encanta no próximo.
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